agosto 03, 2012

Que venham as marchas do LSD e do MDMA


James Fadiman fez talvez o último teste legal de LSD na história dos Estados Unidos, em 1966. Mais de 40 anos depois, em 2010, Fadiman publicou The Psychedelic Explorer's Guide: Safe, Therapeutic, and Sacred Journeys, mistura de guia prático para ter viagens psicodélicas, uma certa quantidade de mémorias pessoais e dados. Por exemplo: 23 milhões de pessoas já experimentaram LSD nos Estados Unidos, e o número aumenta em 600 mil todo ano.

A partir da história de Fadiman, Tim Doody escreveu a ótima reportagem The Heretic para a revista online The Morning News. Dos experimentos para aumentar a criativade na década de 60 até a lenta de retomada do uso dessas substâncias para tratar psicoses (ano passado, 16 veteranos das guerras do Iraque e do Afeganistão com transtorno por estresse pós-traumático foram tratados com terapia e MDMA – uma droga que, diga-se, nunca chegou a ser muito estudada antes de ser proibida).

Mas Fadiman sabe que o "modelo médico", como ele se refere a ideia de que as drogas psicodélicas devem ser usadas apenas em tratamentos, não é uma solução. Elas deviam fazer parte da vida das pessoas. Francis Crick estava viajando de ácido quando pensou pela primeira vez no modelo de dupla hélice do DNA. Outro ganhador do Nobel, Kary Mullis também tomava LSD de vez em quando na época que fez suas principais descobertas. Sem falar no Steve Jobs.

Fadiman está fazendo uma pesquisa ilegal (os voluntários precisam conseguir seu próprio LSD e depois mandam relatórios para o cientista) sobre microdosagem: tomar pouco, 10 microgramas, de ácido a cada três dias. Ácido puro, claro, sem aquela anfetamina louca dos nossos doces. "Microdosagem no fim é um mundo totalmente diferente", afirma Fadiman na reportagem de Doody. Segundo o cientista, os participantes dizem que não têm viagens lisérgicas, mas no fim do dia se sentem bem, que trabalham e comem melhor. Aquela história de tomar um quartinho de vez em quando.

A reportagem também fala sobre o povo !Kung (! é um estalo de língua), tribo africana com uma cultura altamente influenciada por drogas psicodélicas. Os !Kung reconhecem uma enfermidade chamada de algo como "doença das estrelas". "Incapazes de se situar no universo de uma forma significativa, os doentes exibem ciúmes, hostilidade e uma grande incapacidade de presentear – os mesmos sintomas que atormentam muitos ocidentais, de acordo com Fadiman", escreve Doody.

Sabe como cura? Com drogas. Dançando a noite inteira.

Vale a leitura do texto.

março 12, 2012

Três versões de Heaven

Minha preferida é o remix de Nicolas Jaar para a versão pós-disco de Kasper Bjørke da música de Mick Jagger e Keith Richards.

Rolling Stones




Kasper Bjørke




Nicolas Jaar

fevereiro 17, 2012

Conheça: Daniel Martin-McCormick

Daniel Martin-McCormick é Ital é Sex Worker é metade do Mi Ami.

Mas só fui procurar o que ele estava fazendo da vida por causa da banda da qual ele era: Black Eyes. O Black Eyed Peas atrapalha na hora de procurar música por eles no YouTube, mas Black Eyes foi uma banda de pós-hardcore que existiu entre 2001 e 2004. Eles lançaram dois discos, Black Eyes, em 2003, e Cough, em 2004, ambos pela Dischord, gravadora do Ian MacKaye, do Fugazi.

O som do Black Eyes é transtornado. Não há palavra melhor para descrever. Música de um futuro pós-apocalíptico que nunca foi. Duas baterias, dois baixos, e intrumentos de sopro (no segundo álbum). Se quiser ouvir, comece pelo 'hit', Deformative.

A banda acabou pouco antes de Cough sair.

Martin-McCormick fundou o Mi Ami em 2007, com o baixista Jacob Long, também do Black Eyes, e o baterista Damon Palermo. O Mi Ami joga com a No Wave do fim dos anos 1970, misturando com dub, pop descontruído e, claro, muito barulho.

Sempre fiquei imaginando como seria se os caras do Black Eyes, qualquer um, fizesse música eletrônica.

Eis que o disco mais recente do Mi Ami, Dolphins (not easy to search too, por causa do Miami Dolphins), agora sem Long, guitarra, baixo e bateria foram abandonados.

O resultado é este:



Martin-McCormick também tem dois projetos solos.

O primeiro, Sex Worker, começou em 2009. Ele já lançou um disco com esse nome: Waving Goodbye, de 2010. Dark disco lento e hipnótico, com o vocal agudo de Martin-McCormick. Incluindo até cover de Rhythm Of The Night. Como definiu bem a Vogue Italia, Sex Worker é 'post-Sylvester disco for the disaffected and over-informed underground crowd'.



O que me chamou a atenção hoje foi o projeto solo mais recente, Ital, em que os synths sombrios dão lugar a um clima mais dançance; mais, er, ítalo. As músicas são todas instrumentais, mas no clipe de um remix de Only For Tonight (aqui a original), Martin-McCormick canta, e dança, cheio de sangue.

Esse texto todo foi pra linkar esse remix:

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